Sobre setembro azul ou setembro Surdo
Como estamos no mês de setembro, esse mês além é conhecido também sobre o setembro amarelo (prevenção ao suicídio) e setembro verde que é focado a temática da visibilidade da pessoa com deficiência. Percebendo que setembro é o mês importante para falar de diversos assuntos. Mas o foco é entender e conhecer melhor sobre o setembro azul que é pouco falado e explicando por que a cor azul por causa da 2° guerra mundial os nazistas colocavam as faixas azul das pessoas com deficiência, e com tempo os Surdos pegaram essa cor azul e transformaram em azul turquesa combinando com céu e a terra e ainda valorizando a língua de sinais, mas tem uma importância significante para certas comunidades no Brasil.
A comunidade seria Surda, explicando melhor o porquê “S” maiúsculo do nome Surdo:
Seguindo pela trilha dos Estudos Surdos, quando falamos de Pessoas Surdas, estamos, aqui, fazendo alusão a pessoas que têm surdez e utilizam língua de sinais em sua comunicação cotidiana e (re) produzem a Cultura Surda. Por isso, usamos inicial maiúscula ao nos referirmos a Surdos e Surdas,1 demarcando essa característica linguístico-cultural. (AZEVEDO, CAVALCANTI, HORA, p. 159, 2020)
Marcado por diversas histórias, conquistas, conscientização, experiências adquiridas e cada datas mostrada tem os marcos significativos:
Dia 06/09 até 11/09 aconteceu o congresso de Milão de 1880 onde foi proibido o uso da língua de sinais para a pessoa Surda.
As autoras surdas Ana Regina e Patrícia Rezende explicam o que aconteceu no congresso de Milão, o que realmente foi colocado na ata, lembrando que isso ocorreu em 1880, sobre o congresso foram definidas na ata:
As definições declaradas na Ata do Congresso de Milão de 1880, consideram o oralismo, Método Oral Puro, como superior a língua de sinais, o ensino da língua de sinais juntamente com a língua oral como prejuízo, recomenda ao governo que tome medidas para que todos os surdos recebam a educação necessária, que o método de ensino seja igual aos que ouvem e falam, reafirmando essas conclusões com uma proposta de que professores publiquem obras que confirmem as ideias votadas no congresso, que os alunos que aprendem a falar nunca esquecem, que os surdos possam ingressar nas escolas ainda crianças e que os professores tenham no máximo 10 alunos, e por fim que esses alunos sejam separados pela forma de comunicação, se foram ensinados em língua de sinais que estejam separados dos demais.
Calixto e Castro (2015), entendem que o congresso de 1880 serviu para que profissionais que acreditavam na prática oralista pudessem convencer os governos de que essa prática traria melhores resultados, após o congresso, os surdos levaram essas definições como afronta e, por um longo período de tempo, houve segregações e sofrimentos para toda a comunidade surda.
O Congresso de Milão é considerado para a comunidade Surda como o século do ‘holocausto’, pois proibia os professores Surdos de dar instrução nas escolas de Surdos, o uso da língua de sinais dentro das escolas de Surdos e determinava o fechamento dos institutos em regime de internato. Houve um declínio dos professores Surdos até a quase extinção dos mesmos, restando poucos professores Surdos no mundo. (CALIXTO; CASTRO, 2015).
A história geral do surdo no Brasil se funde a história da educação dos surdos, pois não tem como falar de um contexto histórico do surdo sem utilizar a educação como traçado. Em 1855 Eduardo Huet, discípulo de L’Epée, com experiência em mestrado e cursos em Paris, a convite do imperador D. Pedro II, chega ao Brasil para abrir uma escola para pessoas surdas (STROBEL, 2009).
Dia 23/09 – dia internacional da língua de Sinais e aniversário da WFD
O texto abaixo foi retirado no site https://www.librasol.com.br/ com a tradução feita, que foi o momento marcante pela ONU, com esse texto vai entender o reconhecimento mundial das Línguas de Sinais, lembrando que Libras não é universal, e cada países tem a sua Língua de Sinais.
A Assembléia Geral das Nações Unidas declarou o 23 de setembro como o “Dia Internacional das Línguas de Sinais”. A resolução foi inicialmente adotada por consenso durante a 48ª reunião da Terceira Comissão da Assembléia Geral das Nações Unidas, realizada em 16 de novembro de 2017 e dia 19 de dezembro de 2017 foi aprovado oficialmente na 72ª Assembléia Geral das Nações Unidas.
A resolução foi proposta por meio da Missão Permanente de Antígua e Barbuda às Nações Unidas, na sequência de um pedido original da Federação Mundial dos Surdos (WFD sigla em inglês para World Federation of the Deaf). A WFD trabalhou com os países membros da ONU para obter o apoio das respectivas Missões Permanentes para que votassem a adoção da resolução como signatários. A resolução recebeu o apoio de 97 Estados Membros da ONU e foi adotada por consenso.
O embaixador Walton Webson, da Missão Permanente de Antígua e Barbuda às Nações Unidas, afirmou que “esta resolução é um marco importante em nossa promessa internacional para não deixar ninguém para trás “. A definição de 23 de setembro como o dia internacional das línguas de sinais é um passo significativo na universalização de todas as comunidades para reconhecer os objetivos estabelecidos no artigo 21 da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência* para atingir nosso objetivo universal de inclusão”.
A escolha de 23 de setembro comemora a data em que a WFD foi criada em 1951. Este dia marca o nascimento de uma organização de defesa de direitos, que tem como um dos seus principais objetivos, a preservação da língua de sinais e da cultura das pessoas surdas como pré-requisitos para a realização dos direitos humanos das pessoas surdas.
Dia 26/09 -dia nacional dos Surdos e aniversário do INES
Essa data é importante para comunidade Surda, mas percebe a dificuldade histórica e de registro dessa comunidade, mas o importante é a data de fundação do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), foi retirado a palavra mudo não é mais adequado.
Infelizmente não existe nenhum registro histórico no Brasil que relaciona os surdos antes dessa data, assim antes da chegada da Huet a história dos surdos no Brasil e apenas um amontoado de inúmeras páginas em branco .A primeira escola para surdos no Brasil, fundada no Rio de Janeiro -o “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, fundada em 26 de setembro de 1857, utilizava uma mistura da língua de sinais francesa com os sistemas já usados pelos surdos de várias regiões do Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Huet sempre apresentava os resultados dos seus esforços, dando uma boa impressão ao imperador D. Pedro II (STROBEL, 2009; MONTEIRO, 2006; CALIXTO, CASTRO, 2015)
Dia 30/09 -dia internacional dos surdos e dia dos TILS ( Tradutor e Intérprete de Língua de Sinas)
Para explicar sobre essa data dia internacional dos Surdos e dos TILS, foi retirado do site da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores, Intérpretes e Guia Intérprete de Língua de Sinais (FEBRAPILS), com a fala do atual presidente Fernando Parente.
Dia 30 de setembro, comemoramos o Dia Internacional dos tradutores e intérpretes. A data faz alusão ao padroeiro da profissão, São Jerônimo – o Santo Tradutor, autor da tradução da Bíblia para o latim, além de outros trabalhos de tradução na Idade Média, época em que viveu.
Para nós, tradutores e intérprete de Libras, hoje é uma data mais do que especial! Quando falamos de tradução e interpretação para a Línguas de Sinais, estamos falando de um serviço indispensável ao pleno direito de uma parcela da população. Estamos falando de profissionais, que dentre a milhares de possibilidades de atuação, optaram por trabalhar junto a uma minoria linguística: o povo Surdo – para qual a língua de sinais se constitui como cerne de sua construção como sujeitos, e que perpassa não só a comunicação com o mundo, mas a própria estruturação do pensamento, e de seu SER.
Mas é sempre bom deixar claro que quando falamos TRADUZIR, estamos falando de ACESSIBILIZAR ALGO para ALGUÉM, ou à um grupo de pessoas. E, para o espanto de muitos, a Acessibilidade tem a ver como TODOS nós: pessoas COM ou SEM deficiência.
Finalizando sobre o setembro azul e Surdo, lembrando ainda tem as conquistas da legislação brasileira, como por exemplo a lei de Libras, a Lei dos TILS etc., fica para próxima pauta que aprofundarei sobre essas conquistas e mostrar as dificuldades ainda do século XXI.