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Adolfo Alvarado Velloso: 90 anos

Por Glauco Gumerato Ramos*

 

Meu venerável mestre ADOLFO ALVARADO VELLOSO completou 90 anos no último 1º de maio. Estive lá! Como também estive nos festejos dos seus 85. E com ele sempre estarei em todos os momentos acadêmicos, ou de simples convivência social, que as circunstâncias da vida me permitirem.

Nessa grande festa reencontrei amigos do ambiente jurídico-processual de vários lugares da Latinoamérica, além de outros tantos companheiros provenientes das mais diversas Províncias argentinas, claro. Foi no portentoso salão de festas chamado Punta Barranca, à beira, e com vista privilegiada, do Rio Paraná, no trecho onde esse caudaloso rio, que também é brasileiro, divide as Províncias de Santa-Fé e Entre Ríos.

Fiz um bate-e-volta para lá. Cheguei em Rosario no dia 30 de abril, por volta das 21h, e de lá parti num voo que decolou às 18h15 do dia 02 de maio. Ou seja, fiquei por lá menos de 48 horas. Cheguei em Punta Barranca por volta das 12h35 do dia 1º de maio. A festa estava programada para iniciar às 12h30, em ponto, e seguir até às 18h30. Porém, igual ao que aconteceu no aniversário de 85 anos, é evidente que ultrapassamos o limite estabelecido para o término dos folguedos…

Ao chegar na festa fui direto ao encontro do meu professor para saudá-lo. Havia uma fila para os cumprimentos e nela aguardei uns dez minutos. Na fila me acompanhava o dileto amigo RAÚL CANELO, destacado processualista peruano e o atual Presidente do Colégio de Abogados de Lima (2024-2025), equivalente à nossa OAB. Quando chegou a minha vez de cumprimentar, acerquei-me do meu ilustre professor e lhe disse carinhosamente: “Quem diria… Um menino como este já completando 90 anos!”, quando de chofre ele me respondeu: “Sim…. 90 anos, e diante da falta de FRANCISCO agora também Papável…”. Sorrimos e nos abraçamos.

Durante o coquetel que recepcionava os convivas para o iminente “almoço de gala”, em tom de chiste comentei com alguns amigos a capacidade de ADOLFO ALVARDO para “movimentar a economia” da nossa região. Sim, afinal de contas, naquela grande festa com cerca de trezentos e cinquenta convidados, pessoas dos mais diversos lugares da América Latina e da própria Argentina se descolocaram para Rosario para compartilhar aquele momento transcendente de comemoração.

Após o desenrolar de algumas atividades de entretenimento realizada por artistas [=atores, músicos, grupo folclórico], o nosso professor dirigiu-se ao palco para fazer o seu discurso festivo-comemorativo.

ADOLFO é reconhecidamente um orador arguto, preciso, contundente. É daqueles tribunos que conjugam com notória habilidade o Pathos e o Logos que “O Estagirita” nos legou em suas ensinanças sobre Retórica.

Desta vez, optou meu venerável mestre em trazer sua fala por escrito, para que não lhe escapasse nenhum detalhe relevante que, necessariamente, deve constar no discurso de qualquer ser humano que atinge, com invulgar lucidez, o nonagésimo aniversário de nascimento, definitivamente um feito notável, memorável e [positivamente] invejável.

A leitura do discurso, mesclada com as variações que de inopino eram feitas pelo orador-aniversariante, emocionou-nos a todos. Cada um de nós ali presentes sabia que maior do que o background jurídico-processual do nosso professor e a sua capacidade agregadora e motivadora que a todos encanta. Em miúdos: sabíamos que aquelas palavras refletiam aquilo que ADOLFO ALVARADO VELLOSO, acima de tudo, é: um ser humano que veio ao mundo para fazer a diferença em seu entorno. Uma grande virtude existencial, não há dúvida.      

Tão logo encerrada a fala do Orador, e ainda durante a grande festa que seguia de vento em popa, enviei mensagem via WhatsApp ao meu professor, pedindo-lhe que me enviasse o discurso para que eu pudesse traduzi-lo ao português e publicá-lo no Brasil, naturalmente aqui na RBDPro.

No dia seguinte, por volta das 9h da manhã, recebi a resposta positiva de ALVARADO para a tradução, acompanhada de um convite para estar em seu escritório de advocacia na elegante Calle Itália às 17h daquela sexta-feira, 02 de maio. Ali eu já estive em várias reuniões de celebração daquilo que nós, seus alunos, chamamos de comensalidade alvaradiana, da qual se falará um pouco na tradução abaixo. Dessa vez, lamentavelmente, não me seria possível estar com ADOLFO e alguns outros amigos. Meu voo de volta para São Paulo não me permitiria.

Cuidadoso que sou com as melhores tradições que o “mundo jurídico” e respectivas aventuras profissionais ou acadêmicas nos proporcionam, fiz questão de verter o discurso que segue, escrito sob a afetuosidade inesgotável do meu venerável mestre ADOLFO ALVARADO VELLOSO.

Agora, traduzido ao nosso idioma materno, que essa oração de aniversário fique registrada entre nós em caráter ad perpetuam rei memoriam.

– Parabéns renovado, querido AAV, e até breve!

 

XXXXX

 

De: Adolfo Alvarado Velloso

Para: Aos que o acompanham no festejo de seus 90 anos!

 

Hoje é um dia em que devo fazer vários agradecimentos. Caberá a vocês escutá-los.

Diante da ansiedade e de uma noite mal dormida, esta manhã despertei e assumi: tenho 90 anos!… Não são poucos…

Nasci na madrugada de 1º de maio de 1935. E estou aqui! Ainda sigo medianamente lúcido, falando rápido, conhecendo exatamente o nome e o sobrenome de todos os presentes. E isso porque em algum momento da vida mudei a diretriz do conhecido conselho do Viejo Vizcacha[1]:

“Faça-te amigo do juiz, não lhe dê motivos para se queixar…

Eu mudei para:

– “Faça-te amigo do médico, queixe-se até o cansaço…”.

E graças a isso estou aqui! Acompanhado, primeiramente, daqueles que o tornaram possível, que me mantêm com vida e que cuidam de mim com esmero, com afeto e com “toneladas” de comprimidos. Refiro-me aos meus amigos médicos e também aos que me permitem estar ainda hoje andando, ainda que poucos passos. Ali estão eles[2]. A vocês todo o meu agradecimento.

Notem que entre os presentes há pouca gente da minha geração, apesar de eu ter convidado os poucos que ainda vivem. Mas esses meus “irmãos da vida” estão todos com Alzheimer, ou chorando por solidão, ou sem poder caminhar… Para eles a minha mais afetuosa recordação, e se lhes chegarem as minhas palavras quero que saibam o quanto os estimo.

Por outro lado, é claramente visível que há muita gente jovem, que a vida me presenteou. A maioria, discípulos que me acompanham e que vieram do México, da Guatemala, da Costa Rica, do Panamá, da Colômbia, do Peru, do Brasil, da Bolívia, do Uruguai, do Chile e do Paraguai. E aqui da Argentina, vieram desde os extremos de Jujuy e Misiones até a Terra do Fogo, além de várias outras Províncias.

Quero contar a eles que à noite, sem poder dormir e tentando me entreter, ao invés de “contar carneirinhos” me pus a calcular quantos quilômetros terão percorrido cada um de vocês entre a viagem de ida e volta aos seus lares. E somando e somando superei de longe os 40.000 km, que equivale a dar a volta ao mundo pela linha do Equador… Muito obrigado a todos vocês pelo esforço e pela custosa e talvez cansativa viagem até aqui, feita tão só para me acompanhar nesta comensalidade.

Poucos dos presentes ignoram o significado do vocábulo comensal, que tanto utilizo e que tomei da Ley de Partidas[3]. Lá está mencionado como uma das causas que justificam a possiblidade de afastamento de um juiz do processo por suspeição em sua imparcialidade.

Se forem ao dicionário da Real Academia Española verão que se define a comensalidade como “o ato de compartilhar uma comida; porém, muito além do simples ingerir alimentos, trata-se de um espaço de encontro e transmissão de valores sociais, culturais e familiares. Por isso não é só comer juntos, mas também conversar, compartilhar experiências e fortalecer os vínculos entre as pessoas. Na verdade, é um ritual social que reforça a identidade e forja o sentido de pertencimento a um grupo”.

A maioria de vocês assim a entendem e a exercem com habitualidade e muito esmero.

Faz tempo, um dos presentes foi dos primeiros a compreender a essência do significado do vocábulo companheiros: compartilhar o pão. E me consta que o pratica assiduamente com seus próprios alunos.

Por isso que, para além do direito processual, tratei de inculcar em meus alunos a real importância de uma mesa ou de um vinho compartilhado, de um abraço afetuoso, de uma confidência intimista, de um momento de cumplicidade… E me orgulho de ter hoje, com cada um de vocês, uma história de vida que, mais ou menos extensa, nos une, mas que é uma história comum que justifica o meu convite e a presença de todos nesta reunião.

Uma das leituras de juventude que mais me impressionou, principalmente por seu título, foi Confissões de Santo Agostinho, bispo de Hipona, antiga cidade romana na costa da Argélia. Trata-se de extensa conversação do autor com Deus, dando-Lhe conta – com foco na amizade – das principais aventuras de sua vida.

Desejo agora – guardadas as devidas proporções, naturalmente – fazer algo similar perante vocês.

Para começar, não me queixo da vida que me tocou viver. Fui feliz em cada etapa vivida durante todos esses anos.

Quis ser padre, militar, mas, por sorte, terminei sendo advogado.

Desde antes de me formar comecei a trabalhar no Poder Judiciário, por onde estive por quase trinta e cinco anos, durante os quais atuei como um juiz previsível em suas decisões, tanto em primeiro como em segundo grau, e isso por vinte e sete anos.

Ao me aposentar, exerci uma advocacia intensa, com bons e maus momentos[4], durante outros trinta e três anos, até que há cinco anos cancelei meu registro como advogado por estar enfastiado com o sistema[5].

E ao tempo em que fui juiz e depois advogado, exerci com afinco a docência na graduação por mais de cinquenta anos, onde tive inúmeros alunos, alguns “insuportáveis” no começo, mas hoje bons e queridos amigos.

Contemporaneamente também exerci o jornalismo: dirigi o diário Juris por anos e fundei, dirigi e edite a Revista de Estudos Procesales por muitos outros anos.

Vivi plenamente o Instituto Panamericano de Derecho Procesal (IPDP), do qual sou o único sobrevivente dentre os seus fundadores, entidade que me brinda com permanente homenagem.

Paralelamente, no âmbito acadêmico logrei escrever e publicar mais de cem livros em diferentes países.

A partir do meu Sistema Procesal: Garantia de la Libertad, fazendo pequenos reparos, e somando às colaborações de alunos do Mestrado que aceitaram a tarefa de conformá-lo à legislação processual de seus locais de origem, converti a obra em outra diferente. Chamei-a de “Lecciones de Derecho Procesal” e a vi publicada em quase todas as Províncias argentinas e em vários países estrangeiros.

Em mais uma iniciativa, e com confessado afã de seguir vivendo em um tempo maior que o meu, desde o ano 2024 converti essas Lecciones em, até agora, vinte e seis Manuais de Teoria Geral do Processo, hoje o principal texto de estudo nas aulas ministradas por meus novos coautores em suas respectivas disciplinas.

Mas ocorreu algo ainda muito mais importante.

Até este momento os meus grandes afetos eram minha filha e meus três netos, a quem adoro e sou muito orgulhoso pela atividade que cada um deles desempenha. E, claro, minha mulher Susana, por quem sigo profundamente apaixonado para além dos anos convividos, a quem não me canso de agradecer por suprir e me ajudar a mitigar minhas carências a todo momento de nosso viver.

E ainda que esses amores cresçam conforme passam os anos, de repente se somaram a eles uma “nova” família, produto de uma enorme e invisível, mas muito sentida, rede de afetos recíprocos.

Tudo isso foi possível devido a um inesperado giro da “roleta da vida”, uma circunstância dolorida em seu momento, mas que hoje está guardada em meu coração.

Por um não resolvido problema administrativo que me aborreceu profundamente há mais de trinta anos, tive um desentendimento com o Diretor da Faculdade[6] e por esse motivo renunciei ao meu cargo acadêmico, no que fui acompanhando por vários daqueles que eram meus adjuntos.

Havia passado mais de um ano. Em certa manhã, pouco antes do meio-dia e sob a intensa rotina da advocacia em meu escritório, a secretária entra na minha sala e me diz:

O Diretor da Faculdade de Direito está no hall, lhe esperando. Ele pede para falar com o Sr.

– O Diretor? Certeza? Perguntei assombrado.

Diga-lhe para entrar já.

Recebi-o com flagrante indiferença. Ele me saudou com respeito e afeto.

 O que lhe trouxe aqui? Perguntei sem externar qualquer tipo de emoção.

Venho lhe entregar pessoalmente esta Resolução, pela qual lhe designei para ser o Diretor do novo curso de Mestrado em Direito Processual, que foi criado recentemente por iniciativa de vários professores, preocupados com sua já longa ausência do corpo docente”.

Mas já não sou mais professor da Faculdade. Disse ao meu interlocutor, e completei:

–  Lembra-se que renunciei ao meu cargo já faz um bom tempo?

E o Diretor, entregando-me em mãos uma folha de papel, olhou-me e disse:

É que eu nunca aceitei. Aqui está seu ato de renúncia, devolvo-lhe…”.

Confesso que me emocionou a resposta e, com muito entusiasmo e agradecimento, aceitei a proposta de inaugurar o terceiro curso de pós-graduação stricto sensu da Faculdade [as outras eram dirigidas por LUIS ANDORNO[7] e MIGUEL CIURO CALDANI[8], ambos bons amigos e exímios juristas]. Comecei a buscar os docentes para designá-los, no que contei com a inestimável ajuda do inesquecível ARIEL ÁLVAREZ GARDIOL[9], a quem pus à frente das matérias metodológicas.

E no ano seguinte inaugurei a primeira Cohorte[10], com vários dos que aqui estão presentes.

Hoje o curso de mestrado conta com trinta e três Cohortes só em Rosario, além de outras 27 distribuídas entre as cidades de Neuquén, Zapala, Catamarca, San Luis, Santiago del Estero, Mendoza, San Rafael, Azul e Salta [=Argentina], Viña del Mar [=Chile], Cidade do Panamá e Chiriqui [=Panamá], com um total de 2.874 egressos contados até hoje, dos quais mais da metade exerce ativamente e com elevado espírito de pertencimento a já referida comensalidade.

¿Vocês se dão conta de quão, quão agradecido sou ao Diretor da Faculdade e aos docentes preocupados com minha ausência, pelo lindo e inestimável presente que mudou minha vida para sempre?

Desde então, acumulei centenas de congressos e de viagens docentes por toda América, uma infinidade de conferências e aulas ministrada, além de alunos e amigos por toda a parte. A prova disso são vocês mesmos!

Até aqui fiz um inventário acadêmico que é, mais ou menos, conhecido por todos. Mas, muito mais importante, o fato é que o curso de Mestrado mudou minha vida tanto de maneira emocional quanto sentimental.

Com muitos, muitos de meus alunos, temos adotado reciprocamente uma carinhosa relação paterno-filial, que nos convoca periodicamente a sustentar longas conversas vídeo-telefônicas que nos permitem estar a par do que se passa com todos…

E nessa sequência de afeto nos reunimos várias vezes ao ano, alternando-nos sempre entre os mesmos.

Faz alguns meses estivemos juntos em Carlos Paz, na Província de Córdoba, sob a organização de MANUEL GONZÁLEZ CASTRO. Há poucos dias estivemos em San Rafael, Província de Mendoza, convocados por GRACIELA TERZI. Depois estivemos em Posadas, Província de Misiones, em atividade acadêmica organizada por MARIO BARUCCA. Daqui a alguns dias, em meados de maio, viajaremos a Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, chamados por HENRY HERRERA. No próximo mês de outubro estarmos todos em Azul, Província de Buenos Aires, comandados por JULIO VÉLEZ. Em novembro estaremos em Lima, Peru, sob o amparo de RAÚL CANELO. E assim já faz anos.    

Vê-se a importância deste círculo áulico e virtuoso?

E como se tudo isso fosse pouco, há seis anos o núcleo duro do Mestrado, sempre com número expressivo de participantes, junta-se para assistir, durante o dia, a um maravilhoso curso intensivo de filosofia processual, com o que há de mais notável no pensamento espanhol e italiano, na centenária Universidad de Salamanca[11]. O curso tem duração de 15 dias. À noite, todos se reúnem e saem a percorrer as melhores petiscarias para, ao fim e ao cabo, terminar cantando com as “Tunas Universitárias” na iluminada Plaza Mayor até a madrugada.

Essa é a moeda corrente. Tanto que, por exemplo, mestrandos de Salta e da Terra do Fogo, na Argentina, juntam-se para passear numa preciosa casa que outro mestrando tem em uma praia ao norte do Peru…

Com este inventário de coisas que lhes relatei, quero terminar agradecendo novamente a companhia de todos nesta data transcendente para mim.

E, muito particularmente, à gente jovem que me acompanha e me suporta diariamente na Academia, e que me dá o apoio constante na tarefa editorial e docente que sigo organizando e ministrando na Argentina e no Paraguai.

Dito tudo isso, em homenagem a todo o vivido, e feliz por ter podido fazer sempre tudo aquilo que eu sempre gostei, queria terminar recordando parte do belíssimo poema que AMADO NERVO intitulou “Em paz”, que serve para esta ocasião.[12]

Porém, ontem, já tarde da noite, decidi mudar a citação por outra, a da Oración del buen humor de São TOMÁS MORO[13], que agora compartilho com vocês:

Concédeme, Señor, una buena digestión

y también algo que digerir…

Concédeme la salud del cuerpo,

con el buen humor necesario para mantenerla.

 

Dame, Señor, un alma santa que sepa aprovechar

lo que es bueno y puro, para que no se asuste ante

el pecado, sino que encuentre el modo de poner

las cosas de nuevo en orden.

 

Concédeme un alma que no conozca el aburrimiento,

las murmuraciones, los suspiros y los lamentos

y no permitas que sufra excesivamente por ese ser

tan dominante que se llama: YO.

 

 Dame, Señor, el sentido del humor.

Concédeme la gracia de comprender las bromas,

para que conozca en la vida un poco de alegría

y pueda comunicársela a los demás.

 

Así sea.

 

Jundiaí, maio de 2025.

 

Notas e Referências:

*Professor de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí (FADIPA/UniAnchieta). Membro do Instituto Pan-americano de Direito Processual (IPDP) e da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPro). Cadeira nº 35 da Academia Jundiaiense de Letras Jurídicas (AJLJ). Advogado em Jundiaí-SP.

[1] Personagem do maior poema épico argentino: Martín Fierro. Vizcacha é um velho sábio e astuto, um bom conselheiro para as coisas da vida.

N.T.: Martin Fierro é um poema do escritor argentino JOSÉ HERNÁNDEZ, publicado em duas partes nos anos de 1872 e 1879. Composto por mais de dois mil e trezentos versos, esse poema versa a vida e os hábitos dos gaúchos, grupo social formado pela miscigenação do colonizador espanhol e das indígenas, o que gerou um tipo peculiar de habitante rural localizado no interior da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e do Rio Grande do Sul. Em suas conferências ou mesmo em suas aulas no mestrado/doutorado na Universidade Nacional de Rosario (UNR), ADOLFO sempre faz menção a trechos de Martín Fierro para ilustrar retoricamente algumas de suas lições processuais-garantistas.

[2] N.T.: Discursando sobre o palco, nesse momento ADOLFO AVARADO aponta para uma das mesas localizadas à sua esquerda e aponta para os respectivos comensais, pede-lhes que se levantem e os nomeia. Na sequência, os convidados espontaneamente os aplaudem.

[3] As Sete Partidas, ou simplesmente Partida, são um corpo normativo criado em Castilla, Espanha, durante o reinado de Afonso X, o Sábio (1221-1284), com o objetivo de conseguir certa uniformidade jurídica no reino. Seu nome original era o Livro das Leis. No século XIV recebeu sua atual denominação em razão das Seções em que se encontrava dividido. A Partida 3º se dedica a regular a atividade judicial.

N.T.: A chamada Lei das Sete Partidas está para o direito espanhol arcaico assim como as Ordenações do Reino está para o direito português de antanho.  

[4] N.T.: no original “a las duras y a las maduras”.

[5] N.T.: no original “por hartazgo con el sistema”.

[6] N.T.: o orador se refere à Faculdade de Direito da Universidad Nacional de Rosario (UNR).

[7] N.T.: LUIS ORLANDO ANDORNO (08/nov/1932 – 21/jun/2006) foi juiz e Desembargador em Rosário, Província de Santa Fé. Foi Professor Titular de Direitos Reais na Faculdade de Direito e diretor do curso de doutorado em Direito da UNR. Também foi Presidente Honorário do Centro de Estudos Comunitários do MERCOSUL.

[8] N.T.: MIGUEL ÁNGEL CIURO CALDANI é um importante jurista e docente argentino. Lecionou e coordenou cursos de graduação e pós-graduação em várias Universidades da Argentina, como a Universidade de Buenos Aires (UBA), por exemplo, nas áreas de Introdução ao Direito, Filosofia do Direito, Direito Internacional Privado e Direito da Integração. Mas foi perante à Faculdade de Direito da UNR que esse jurista atuou na maior parte de sua carreira acadêmica.

[9] N.T.: Falecido em julho de 2019, ÁLVARES GARDIOL foi Professor Titular de Filosofia do Direito e Introdução ao Direito da UNR. Nos cursos de mestrado/doutorado em Direito, atuou como professor de epistemologia. Tive a honra de ter sido seu aluno no mestrado em Direito Processual daquela Faculdade de Direito.

[10] N.T.: Cohorte é o equivalente para “Turma” aqui no Brasil. Sou egresso da 11ª Cohorte do Mestrado em Direito Processual da UNR, anos acadêmicos 2008-2009.

[11] N.T.: Em julho de 2023 lá estive como professor convidado no respectivo curso, realizado sob convênio estabelecido entre a Universidade de Salamanca e a Universidade Nacional de Rosario.

[12] “Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida,

ni trabajos injustos, ni pena inmerecida;

porque veo al final de mi rudo camino

que yo fui el arquitecto de mi propio destino:

que si extraje las mieles o la hiel de las cosas,

fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:

cuando planté rosales, coseché siempre rosas.

Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.

¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos en paz!”

[13] N.T.: mantive a oração em espanhol, conforme constou no discurso traduzido. A versão em português da Oração do bom humor é facilmente localizável na web. Diz-se que o recém falecido PAPA FRANCISCO entoou-a anos a fio.

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