O livro do xadrez
O livro do xadrez
Stefan Zweig (trad. Silvia Bittencourt)
Editora Fósforo, 88 páginas
Em 21 fevereiro de 1942, depois de terminar de escrever ‘O livro do xadrez’, Zweig envia cópias para os seus editores no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. No dia seguinte, ele e sua esposa se suicidam em Petrópolis/RJ, na casa que viria a ser transformada em centro cultural.
Em ‘O livro do xadrez’, o narrador é um dos passageiros de um navio que sai dos Estados Unidos com destino a Buenos Aires – no qual está também o campeão mundial de xadrez, Mirko Czentovic, um sujeito arrogante e cujo estilo ríspido não sugere qualquer traço de inteligência e erudição que se esperaria de um grande mestre enxadrista.
O ponto de virada da narrativa surge quando um misterioso passageiro (Dr. B.) intervém em um dos movimentos que o grupo de amadores estava prestes a fazer numa partida com o campeão. É a partir dessa personagem que a história rompe os limites físicos do navio e se complexifica ao tratar de questões universais do século XX, notadamente das consequências do avanço da Alemanha nazista na Europa.
Um livro que, embora curto, tem a capacidade de condensar temas bastante espinhosos sem perder/prejudicar o fio narrativo. No seu último trabalho, Zweig, um dos mais famosos de seu tempo, entrega um livro intenso e pungente – que em nenhum momento põe em xeque a inteligência do leitor.
“Qualquer criança consegue aprender suas regras básicas, qualquer diletante pode arriscar; e ainda assim esse jogo consegue, dentro de um quadrado limitado e inalterável, criar mestres incomparáveis, pessoas com um talento direcionado só para o xadrez, gênios específicos, nos quais visão, paciência e técnica são igual e exatamente distribuídas, como no caso de um matemático, um poeta, um músico, mas apenas numa outra disposição e combinação” (p. 14)