Either/Or – Elif Batuman
Either/Or
Elif Batuman
Penguin Press, 360 páginas
O segundo ano de Selin em Harvard começa com uma espécie de gosto agridoce de quem precisa, a um só tempo, lidar com o corriqueiro da vida estudantil (qual dormitório irá ocupar, quais disciplinas cursar…) e com os sentimentos de uma relação inconclusa com Ivan.
Repetindo boa parte da fórmula que funcionou imensamente bem em ‘A idiota’ (finalista do Pulitzer Prize de 2018), Batuman consegue mais uma vez tornar a rotina universitária de Selin não apenas crível como instigante. Mesmo porque, dessa vez, as incertezas de caloura dão lugar a questionamentos mais densos, sobretudo a partir do paralelo com a obra de Søren Kierkegaard (cujo título dá nome ao livro de Batuman).
É possível identificar também sinais daquilo que, em uma possível (provável?) continuação, deve ocupar papel ainda mais importante na narrativa: Selin começa a se desafiar de maneira contundente e, nessa trajetória, coloca em perspectiva a possibilidade de seu futuro como escritora, a sua relação com a mãe, o papel do sexo e do amor na sua vida.
A abordagem de temas muito mais densos, no entanto, tem como efeito colateral o fato de que ‘Either/Or’ é incapaz de manter a ironia e a comicidade que informaram o primeiro volume da série. Ao mesmo tempo, peca ao insistir na reprodução do arco narrativo final – em que novamente uma viagem servirá para jogar luzes sobre questões que, aparentemente, os muros de Harvard não permitiriam desenvolver.
“Mas ser mãe…” Era difícil colocar em palavras. “Como alguém consegue suportar tanta responsabilidade já estando deprimida?”
“Bem, você está admitindo que a falta de responsabilidades faz uma pessoa feliz e vice-versa, o que me parece uma perspectiva muito americana. Você tem relativamente poucas responsabilidades agora. E está feliz? Talvez você se sentisse mais feliz se tivesse mais responsabilidades” (p. 243, tradução livre)