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O Amigo – Sigrid Nunez

Narrado por uma escritora de meia-idade, relata o luto após a perda do melhor amigo, também escritor. Se conheceram em uma de suas oficinas literárias e engataram uma daquelas amizades baseadas em discussões intelectuais e companheirismos que durou pela vida toda. Desolada com o suicídio do amigo, que não deixou nenhum bilhete de despedida – a narradora relembra conversas, acontecimentos e leituras não só para tentar entender o que pode ter acontecido, mas também para manter sua memória viva.

Além de ter de lidar com o luto, ela recebe de uma das ex-mulheres do falecido amigo a responsabilidade de cuidar de Apolo, um dogue alemão de mais de 80kg que foi adotado por ele anos antes de falecer. Mesmo correndo o risco de ser despejada, ela aceita a tarefa e passa a conviver com esse animal imenso e tão triste quanto ela, que também está sentindo a perda de seu antigo dono. Apolo acaba se tornando uma lembrança viva de quem foi o amigo, e o objetivo da narradora passa a ser, então, tentar deixá-lo feliz.

O amigo é uma história que mescla ternura e solidão, humor e dor, em quantidades equilibradas. Alterna passado e presente (o que pode deixar a leitura um pouco confusa, mas te garanto que logo passa), falando de amor, amizade, generosidade, perdas e lutos. Conseguimos acompanhar a escrita ficcional da personagem principal com o relato da experiência realmente vivenciada na trama, compondo, assim, um mosaico. 

O livro ainda é recheado de referências – literárias e cinematográficas – Virginia Woolf, Kundera, Rilke, Nobokov, tornando assim a trama ainda mais instigante.

“O que somos, Apolo e eu, senão duas solidões que se protegem, se complementam e se inclinam uma para a outra?”.

Colunista

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Hannah Riff
Graduada em direito. Advogada licenciada OAB/PE. Assessora de membro do Ministério Público de Pernambuco. Graduanda em Psicologia pela Faculdade Pernambucana de Saúde. Estagiária do IMIP. Leitora por paixão. Parte dessa foz, o rio da leitura, corre em mim desde cedo. Leio porque entendi que as palavras também nascem da coragem de sentir. Esse lugar assustador e mágico de estar vulnerável e por isso, deliciosamente humano. Ler, para mim, é estender uma ponte até o peito. Fazer do papel um espelho. O percurso é entregar-se a cada página, a um sentir, a algo sentido. Espero nessa jornada poder dividir um pedaço desse amor e dessa entrega com vocês também.

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