Tempo de mágicos – A grande década da filosofia (1919-1929)
Wolfram Eilenbeger (trad. Claudia Abeling)
Todavia, 448 páginas
Na Europa da primeira parte do século XX estavam Walter Benjamin, Martin Heidegger, Ernst Cassirer e Ludwig Wittgenstein, quatro dos maiores filósofos de todos os tempos. O que Eilenberger se propõe a fazer é entrelaçar a história e, sobretudo, a construção filosófica desses quatro mágicos.
No continente onde os ecos da Primeira Grande Guerra ainda se faziam escutar e a influência do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães se consolidava, a Filosofia mudava para sempre.
Em uma estrutura narrativa pendular, com seções divididas em pequenos capítulos, o leitor sempre acompanha o desenvolvimento simultâneo da vida/obra dos quatro, maximizando a sensação sugerida no subtítulo – de que aquela foi a grande década da Filosofia. Na condução de tudo, Eilenberger consegue dosar bem o rumo da narrativa, traduzindo alguns dos principais conceitos formulados pelos quatro, enquanto entrega episódios absolutamente peculiares de cada um: a postura de Wittgenstein perante sua banca de doutoramento; a paixão de Cassirer por uma biblioteca; a habilidade de Heidegger com os esquis; e a vida errática de Benjamin.
Híbrido de ensaio e romance, o livro não só cumpre o importante papel de aproximar o público geral de conceitos essenciais, como também de humanizar a Filosofia.
“(…) A pergunta sistematicamente decisiva para os quatro filósofos é: há uma língua única, unificadora e uniforme na base de todas as diferentes línguas naturais? E, caso positivo, qual sua morfologia? Seu sentido é baseado em quê? O que cada língua faz conosco? Somos nós que conferimos significado e sentido às nossas palavras ou é a força cosmogônica das palavras e dos símbolos em si que nos acorda, como seres inquiridores, para a vida, o pensamento, o questionamento? Quem forma quem? De que modo? E o principal: com qual objetivo?” (p. 135)