Canção para ninar menino grande – Conceição Evaristo.
Todo mundo na vida deveria ler em algum momento as obras de Conceição Evaristo!
Logo no início do livro ela já anuncia a ‘escrevivência’ e avisa que nessas histórias estão todas nós. E reitera: são histórias de amor.
Para quem já leu alguma obra de Conceição Evaristo, um dos principais nomes da literatura nacional, sabe que a potência de suas narrativas está, em boa parte, na força das suas personagens mulheres Nesse livro não seria diferente. Embora o protagonista seja um homem, ele só ocupa o centro da narrativa por conta das mulheres que as contam. E em cada capítulo, encontramos uma história diferente dessas mulheres que se apaixonaram e, de algum modo, foram abandonadas por esse personagem tão marcante.
Na obra, a autora aborda também os esterótipos que envolvem o homem negro e como isso afeta suas relações e sua vida. O que aos poucos vamos percebendo é que talvez essa vontade insaciável de Fio Jasmim também seja um reflexo da sua própria carência, em uma busca de preencher um vazio interno.
A narrativa é muito mais sobre as vidas por ele atravessadas, sobre os desejos das mulheres, sobre o olhar dos homens para as mulheres, sobre os sonhos, sobre seus corpos e suas escolhas. São histórias de muitas mulheres que compõem a história de um homem.
Mas por que esse homem parece viver apenas em busca de procriar e de encantar mulheres? Fio Jasmim é fruto do racismo e do machismo, afinal, ele não foi o príncipe eleito pela professora na época da escola quando era pequeno. Tendo perdido o papel para um menino loiro, ele agora é o homem que recebeu os conselhos dos mais velhos para dominar as mulheres.
Conceição Evaristo escreve para o infinito, sua escrevivência como ela mesma diz, se torna um fio de miçangas de histórias ricas e emocionantes.