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Canção para ninar menino grande – Conceição Evaristo.

Todo mundo na vida deveria ler em algum momento as obras de Conceição Evaristo!

Logo no início do livro ela já anuncia a ‘escrevivência’ e avisa que nessas histórias estão todas nós. E reitera: são histórias de amor.

Para quem já leu alguma obra de Conceição Evaristo, um dos principais nomes da literatura nacional, sabe que a potência de suas narrativas está, em boa parte, na força das suas personagens mulheres Nesse livro não seria diferente. Embora o protagonista seja um homem, ele só ocupa o centro da narrativa por conta das mulheres que as contam. E em cada capítulo, encontramos uma história diferente dessas mulheres que se apaixonaram e, de algum modo, foram abandonadas por esse personagem tão marcante.

Na obra, a autora aborda também os esterótipos que envolvem o homem negro e como isso afeta suas relações e sua vida. O que aos poucos vamos percebendo é que talvez essa vontade insaciável de Fio Jasmim também seja um reflexo da sua própria carência, em uma busca de preencher um vazio interno.

A narrativa é muito mais sobre as vidas por ele atravessadas, sobre os desejos das mulheres, sobre o olhar dos homens para as mulheres, sobre os sonhos, sobre seus corpos e suas escolhas. São histórias de muitas mulheres que compõem a história de um homem.

Mas por que esse homem parece viver apenas em busca de procriar e de encantar mulheres? Fio Jasmim é fruto do racismo e do machismo, afinal, ele não foi o príncipe eleito pela professora na época da escola quando era pequeno. Tendo perdido o papel para um menino loiro, ele agora é o homem que recebeu os conselhos dos mais velhos para dominar as mulheres.

Conceição Evaristo escreve para o infinito, sua escrevivência como ela mesma diz, se torna um fio de miçangas de histórias ricas e emocionantes.

Colunista

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Hannah Riff
Graduada em direito. Advogada licenciada OAB/PE. Assessora de membro do Ministério Público de Pernambuco. Graduanda em Psicologia pela Faculdade Pernambucana de Saúde. Estagiária do IMIP. Leitora por paixão. Parte dessa foz, o rio da leitura, corre em mim desde cedo. Leio porque entendi que as palavras também nascem da coragem de sentir. Esse lugar assustador e mágico de estar vulnerável e por isso, deliciosamente humano. Ler, para mim, é estender uma ponte até o peito. Fazer do papel um espelho. O percurso é entregar-se a cada página, a um sentir, a algo sentido. Espero nessa jornada poder dividir um pedaço desse amor e dessa entrega com vocês também.

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